Onde estaria o mérito,
se o Criador não nos felicitasse com esse olvido temporário? Quem
poderia aguardar o êxito desejável, defrontando velhos inimigos, sem o
bálsamo dessa bênção celestial sobre a chaga da lembrança? Sem a paz do
esquecimento transitório, talvez a Terra deixasse de ser escola
abençoada para ser ninho abominável de ódios perpétuos.
Poderias,
acaso, beijar um filho, sentindo nele a presença de um inimigo figadal?
Conseguirias, de pronto, a força precisa para santificar, pelos elos
conjugais, a mulher que manchaste noutros tempos, induzindo-a ao
meretrício
e às aventuras infames? Não percebes, no olvido terreno uma das mais
poderosas manifestações da bondade divina para com as criaturas
criminosas e transviadas?
Fonte: Livro Renuncia
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