Não podemos negar que vivemos uma fase de muita criatividade. Os modernos recursos tecnológicos colocados à disposição dos artistas possibilitam produções espetaculares e de grande originalidade, verdade seja dita, nem sempre com aquela força decorrente da pura intuição arrebatadora dos corações.
Suponhamos como exercício de criatividade que Jesus surgisse na Terra em pleno século 21.
O que poderia Ele dizer com a sua severidade e sabedoria procedente das Alturas Máximas?
Certamente de novo encontraria forte resistência nos representantes das igrejas e religiões.
Suponhamos que no significativo ano 2000, lá na Terra Santa, num luxuoso salão, o público lotara todos os espaços. No centro, os dignitários das três principais religiões monoteístas, como se houvesse um Deus único para cada uma delas com diferentes leis para a Criação.
Eis que um moço alto, de cabelos claros e meigos olhos azuis, caminha em direção à tribuna.
Vestindo um finíssimo terno preto, camisa branca e uma gravata maravilhosa que parecia de outro mundo, combinando as cores preta, vermelha e dourado, e dirigindo-se aos presentes, bem poderia dizer:
“O que estranhais? Estais me vendo da mesma forma como os discípulos viram-me. Não se trata do meu corpo material devolvido à terra como todos os corpos o são. Assim, como noutra época, apresentei-me com os trajes apropriados, hoje faço o mesmo, mas isso é supérfluo, tratemos de coisas sérias e importantes para o espírito humano.
Está tudo errado, torcido. Tudo precisa se tornar novo! Os discípulos haviam sido instruídos para divulgarem os ensinamentos a todos os povos, visto que poucos judeus aceitaram-nos. Não incumbi nenhum ser humano de, em meu nome, organizar uma religião fundamentada no pressuposto de que a execução sumária do corpo com o qual tive a existência terrena significasse passaporte para a salvação dos pecadores. Muito cedo a situação chegou ao limite, pois as trevas não suportam a Luz tudo fazendo para prejudicar, e a existência terrena foi abreviada prematuramente, antes que pudessem ser transmitidos muitos conhecimentos adicionais para os quais a grande maioria ainda não estava apta para compreender.
Que importa quem tenha sido o pai terreno, se o Pai Celestial enviou-me para trazer a Luz ao mundo que afundava nas trevas, para que a humanidade não se auto-destruísse antes mesmo da conclusão do período destinado a evolução e iluminação pelo saber e reconhecimento das leis da Criação. Fácil era prever a derrocada, a colheita de asperezas e dores, o Juízo Final, como arremate de todos os erros e acertos decorrentes do livre arbítrio inerente ao espírito humano.
Maria, nascida judia, gerou o corpo como seu primeiro filho, seus órgãos eram virgens ante a gravidez. Uma mulher agraciada, mas em momento algum foi desejado que ela se transformasse num ídolo para adoração humana. O mesmo se aplica aos discípulos que anunciavam Deus e Sua Mensagem através das minhas palavras.
Nascido na Terra como todo mundo nasceu. Muitas estórias foram inventadas, contudo o mais importante foi relegado a plano secundário. Importante era o teor dos ensinamentos que se fundamentavam nas perfeitas e imutáveis leis da Criação que se originaram da Vontade de Deus para que os espíritos humanos pudessem adquirir auto-consciência e evoluir sem darem forças às trevas com sua vontade errada, perturbando a harmonia e a evolução beneficiadora.
As perseguições, ódios e vinganças perpetradas pelos seres humanos revelam grande estupidez e desconhecimento das leis da Criação.
Não houve tempo para falar tudo que era necessário, nem a humanidade estava preparada para readquirir o perdido conhecimento sobre as necessidades e os mecanismos que regem as reencarnações humanas, que se sucedem em função do amadurecimento espiritual a ser atingido, ou até que se extingua o tempo previsto segundo as leis da Criação. Um branco astuto e maldoso, espiritualmente morto, poderá ser encarnado em meio ao caos africano, mas também, um negro africano, cujo espírito anseia por conhecimentos superiores, poderá ser encarnado numa região onde tenha liberdade e condições para alcançar a evolução do seu espírito. Mesmo fato poderá ocorrer entre cristãos, protestantes, judeus ou árabes. Por isso, é lei para o ser humano ‘amar ao próximo como a si mesmo’. Esse ensinamento nunca teve por objetivo colocar a esmola num pedestal, mas sim estabelecer uma norma de vida, pois quem ama o próximo como a si mesmo, não o oprimirá para satisfazer as suas cobiças e desejos.
O caos que a humanidade vive, e que procura dissimular com inúmeros artifícios de falsa felicidade, nada mais é do que a colheita daquilo que foi semeado ao longo dos séculos. O espírito humano aprisionou-se à matéria, ficando impedido de ascender a regiões mais luminosas, decaindo continuamente, restringindo os seus horizontes. Não há que se falar em injustiças, cada um está colhendo exatamente aquilo que semeou com seus sentimentos, pensamentos, palavras e ações.
Um grande equívoco precisa ser desfeito. Não retornarei à Terra onde foi concedido aos espíritos humanos a oportunidade de se fortalecerem através de um invólucro transitório, mediante vivências na matéria grosseira para o reconhecimento da Vontade de Deus. Mas, seduzidos pelos pendores terrenos, os seres humanos se desviaram dos caminhos retos fortalecendo a vontade própria para a satisfação de suas cobiças egoísticas, distanciando-se da Vontade de Deus, perdendo o rumo, acabando por ficar sem saber o que fazer da própria vida por desconhecer o sentido e o significado espiritual da mesma, ofuscados pelos erros e pelas trevas.
Jesus dissera aos seus discípulos: ‘Em meio às aflições o Filho do Homem trará o Juízo para os seres humanos. Junto, uma força de descomunal pressão atravessará a Criação, acelerando os efeitos das decisões humanas. Ele trará saber e fortalecimento para os seres humanos que, incansavelmente, procurarem e buscarem com sinceridade. Eu trouxe o Amor Auxiliador e a Justiça, Ele trará a Justiça e o Amor Severo, transmitindo a força da luz para aqueles que anseiam pela libertação espiritual.’
Enviado de Deus como Eu o fui, trará na escuridão da meia-noite o alvorecer da Luz da Verdade para aqueles que a procurarem com todas as forças da alma. Permanecei alerta para que a oportunidade não passe despercebida, pois o reconhecimento somente poderá se efetivar se utilizardes as capacitações latentes em vossos espíritos.”
Sem dúvida, Jesus teria muito a dizer, principalmente àqueles que abusaram de seu nome, pronunciando-o como arma e como escudo no intuito de satisfazer a própria cobiça e acobertar desejos malévolos.